O PERÍMETRO DA VILA DE SANTO ANTONIO DA PALMEIRA EM 1874 (Por dedução)
Henrique Pereira Lima
O Código de Posturas da Vila de Santo Antônio da Palmeira, documento de 1875, assim define os limites da sede do município:
Art. 1º. Os limites da Vila da Palmeira ficam marcados pela forma seguinte: ao Norte e este partindo da casa de Nicolau Casunÿ por um valo abaixo, dividindo com terrenos do mesmo até onde começa um banhado, e por este abaixo até a barra de uma vertente que tem origem n’um valo e por este dividindo com terrenos de Serafim de Moura Reÿs, que, atravessando a estrada do “atalho,” encontra o valo que, dividindo com terrenos de João Antônio de Sousa Béssa vai entestar num banhado, e d’aqui por um valo, dividindo com terrenos do Coronel Athanagildo Pinto Martins, até encontrar com um outro banhado, e por este abaixo até a junção de um outro circundado de matos e por este acima dividindo com terrenos do finado Agostinho Rodrigues da Silva Câmara até à junção de outro que recebe pela margem direita, (à sul e leste) seguindo esta dividindo com terrenos do finado Luis Pereira da Crus, até sua origem, e daqui, à rumo de leste, pouco mais ou menos, que, atravessando a estrada e por uma canhada vai encontrar com uma vertente, e por esta abaixo dividindo com terrenos do mesmo finado Câmara até sua junção com a vertente denominada “Formigueiro”, e por esta acima dividindo com terremos de João da Costa Santos, até um sangão, seguindo a mesma dividindo com terrenos de Maria do Carmo até um valo velho, e por este acima atravessando a estrada de “Potreiro Bonito”, a rumo de Norte, pouco mais ou menos á encontrara com um valo velho, e por este dividindo com terrenos do mesmo Costa Santos, até um banhado onde finda dito valo, seguindo por este banhado acima até a estrada geral, e por esta até o ponto d’onde partiu. (Código de Postura da Vila de Palmeira, 1875).
O pesquisador palmeirense Mozart Pereira Soares, na obra Santo Antônio da Palmeira (2004, 2ª edição), nas páginas 141 e 142 busca identificar os pontos referências contemporâneos daqueles indicados pelo documento de 1875. Assim Soares identifica os seguintes pontos:
“A casa de Nicolau Casuni estava situada nas imediações da residência urbana do Dr. Pompílio Gomes Sobrinho, na face oeste da avenida Independência, entre as ruas Mariz e Barros e José Bonifácio. [...]. O valo que daí seguia [...] terminava numa vertente que se encontra no loteamento localizado nas proximidades do prédio-sede da Companhia Estadual de Energia Elétrica [...]. Descia pela vertente que aí nasce, deixando para o norte o campo de propriedade de Serafim de Moura Reis. Esta gleba que se estendia para o norte, até as imediações da esquina da Guabiroba, se limitava a leste pela estrada que mais tarde seria a rua do Comércio e é hoje, a avenida Independência. Seu limite, a oeste, era os dois galhos fluviais que confluem para formar o arroio Maria da Silva.
Os terrenos do coronel Athanagildo pinto Martins formavam a chácara de Hugo de Matos, depois herança de seu filho Olmiro, hoje parcialmente cobertos com a vila Matos e onde também se localiza o campo de desportos do Esporte Clube Ouro Verde.
Os terrenos do finado Agostinho Rodrigues da Silva Câmara eram então ocupados, ao sul do banhado referido nos limites, pela vila Seis de Maio. Luís Pereira da Cruz estava de posse das terras hoje em poder do Sr. Portela. A divisa referida cruzava a estrada geral nas imediações do Porto Ipiranga e descia pela vertente da Cachoeirinha, pequeno arroio que corre para leste, margeando a rua Filisbino Beck. O limite sul da Vila seguia esta linha para leste, até que se encontrasse com a vertente chamada formigueiro, ou seja, o arroio hoje conhecido pela denominação de Passo da Areia, em cuja margem direita se encontra o subúrbio do mesmo nome.
O arroio Passo da Areia tem suas nascentes em dois filetes de agua: um quase na esquina Pinheiro Machado-Benjamin Constant, e outro no extremo leste da rua José Bonifácio. Este filete servia de limite do perímetro urbano.
Desde ponto para cima, na direção norte, seguia-se um valo que ia terminar na estrada do potreiro Bonito, pelas imediações do CTG Galpão da Boa Vontade. Descia por um valo velho até uma vertente, de onde subia até o encontro da estrada-geral – mais ou menos no local em que a rua Rui Barbosa de hoje toca a avenida Independência. Deste ponto, finalmente, descia para o sul, em busca do marco de partida.”
Apoiados pela descrição de Soares, podemos assim delinear os referidos limites da vila:
Imagem: Delimitação aproximada dos limites da Vila de Santo Antônio da Palmeira em 1875. Recorte do mapa urbano de Palmeira das Missões (2018).
Fonte: Google Maps, 2018.